Lá, e cá de volta, sobre o Debian

Olá, pessoal!

Faz um bom tempo que os meus posts tem sido mais sobre programação, PHP, Python, CodeIgniter, etc, e hoje estou voltando um pouco às raízes deste blog para falar um pouco sobre umas experiências recentes com GNU/Linux e as mudanças que os ambientes desktop tem sofrido.

Bem, não é surpresa para ninguém que eu sou um usuário de distribuições GNU/Linux desde sempre há muito tempo. Este é o meu sistema oficial e nem mesmo uso os famosos dual boots. Eu trabalho com desenvolvimento para WEB e tenho todas as ferramentas que me são necessárias em em meu ambiente movido à software livre, graças ao projeto GNU e ao Linux.



Eu uso o Debian há anos e antes de chagar nele passei por experiências com os finados Kurumin e Conectiva. Usei durante um pouco mais de um ano o Slackware em meu desktop e achava o máximo ficar compilando pacotes de madrugada. Nesta época de Slackware eu usava o KDE como meu ambiente desktop e gostava bastante dele.

Mas então me apresentaram o Debian e o ambiente Gnome. Foi amor à primeira vista Eu torci o nariz a princípio. Que coisa era aquela de usar pacotes prontos ao invés de compilar seus pacotes sempre que precisasse instalar algo? Mas aos poucos fui me acostumando à ideia e comecei a usar o Debian com KDE em meu desktop.



A migração para o Gnome aconteceu por um motivo bem idiota interessante: O Firefox usa o GTK e ele ficava "feio" no meu KDE, então eu comecei a usar o Gnome e a tentar me acostumar com o jeitão dele. No começo eu usava o Gnome, mas com as ferramentas do KDE. Então eu usava o Amarok, Kate, Ktorrent e outros mais. As substituições por opções GTK foram acontecendo aos poucos, primeiro o GEdit, depois o Rhythmbox... Até que um dia, consegui remover as últimas bibliotecas Qt do meu ambiente.

Não que seja uma obrigação remover o Qt, mas eu estava satisfeito com as opções em GTK.

Nesse meio tempo passei uns meses usando apenas o Blackbox em meu ambiente de trabalho. Nesta época eu gostava muito da frase: "O mouse é apenas um dispositivo para escolher em qual terminal você vai digitar".

[caption id="attachment_1205" align="aligncenter" width="200" caption="Blackbox é faca na caveira"][/caption]

Pois bem. Meu relacionamento com o Debian no desktop durou muitos anos. Até que, um dia, eu resolvi experimentar o Linux Mint Debian Edition. Meus motivos para usar o Mint eram simples: Eu queria um ambiente Desktop onde as coisas simplesmente funcionassem de maneira mais estável que o Debian testing (foi na época em que o Debian estava migrando o testing para o Gnome3 e tudo estava meio quebrado...).

E lá fui eu para o Mint. Passei lá alguns meses (acho que 2 ou 3) e o melhor de tudo: Usando o bom e velho Gnome 2! Sim, o Gnome 2 =D

As minhas primeiras experiências com o Gnome 3 não foram muito boas e eu acabei pegando uma certa antipatia pelo ambiente. Por isso fiquei maravilhado com o Linux Mint Debian Edition. Ele é baseado no Debian e tem um desktop bonito e funcional.

E então, aconteceu! O Mint também mudou para o Gnome 3... E o pior, as coisas deixaram de funcionar perfeitamente. Os ícones desapareceram, a migração foi complicada e eu acabei perdendo umas horas de trabalho com isso. Aí fiz algo que eu queria fazer a algum tempo, mais por influências de um certo SuSE Man, eu resolvi testar o OpenSUSE.

Esta foi a menor experiência, já que eu basicamente instalei o OpenSUSE para baixar o Debian.



Heim? Como assim?

Eu explico: Como eu já disse, eu sou desenvolvedor WEB e estou estudando diversas tecnologias e acompanhando o movimento das comunidades de programação e a evolução de frameworks e ferramentas diversas. Estou em um momento em que tudo o que aprendi de GNU/Linux está me servindo muito bem para manter um bom ambiente e gerenciar meus servidores tranquilamente. Ou seja, eu meio que preciso de um ambiente que supra as minhas necessidades e que não fique no meu caminho. Neste ponto, usar o OpenSUSE seria uma ótima experiencia para aprender um novo ambiente e ganhar mais experiência nesta distro que é muito utilizada. Mas, por outro lado, esta experiência iria me custar muito em meu dia a dia, pois o meu nível de curiosidade e de querer aprender coisas novas é grande e eu tenho certeza que eu começaria a mais pesquisar sobre como fazer as coisas funcionarem no OpenSUSE do que fazendo as atividades que efetivamente pagam as minhas contas.

Ufa, agora que acabou a desculpa esfarrapada (primeira vez que escrevo esta palavra, está certo?) a descrição dos meus motivos, eu posso dizer que eu acabei mesmo voltando para o meu bom, velho e querido Debian.

Hoje as coisas já estão muito estáveis no testing e eu não tenho do que reclamar. Estou me acostumando com o Gnome3 e já não sinto tanta falta assim do Gnome2. Tive umas experiências com o LXDE, XFCE, Fluxbox e outros para tentar achar opções que me ajudassem a manter os desktops mais tradicionais, mas acabou que estou mesmo aceitando a mudança.

Ainda acho que o Gnome3 é mais orientado ao usuário mediano do que a usuários mais avançados, mas estou dando meus pulos aqui para me acostumar.

E o Debian acaba que é uma das distros mais antigas e mais sólidas do mundo. Muitos se baseiam no Debian para construir suas plataformas, como o Mint e o Ubuntu. Diversos servidores por aí rodam Debian. O sistema de pacotes me é familiar e eu consigo resolver praticamente qualquer problema com ele. A separação dos arquivos de configuração é ótima! Com o Debian você não tem um arquivo gigante para configuração do Apache, por exemplo, mas sim diversos pequenos arquivos com as opções separadas e isso ajuda muito na hora de manter algum software funcionando bem em um servidor, por exemplo.

Enfim, este é apenas um relato dos meus motivos para voltar para o Debian e, possivelmente, continuar com ele. Se você ainda não conhece, eu recomendo que faça umas experiências, tenho certeza de que ele pode te convencer a ficar.

InFog

Evaldo Junior

Desenvolvedor web, palestrante, escritor e usuário e contribuidor do Software Livre.

comments powered by Disqus